quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017



Caros amigos equipistas, um dos PCE's mais preciosos propostos pelo Pe. Caffarel é o  "Dever de Sentar-se", no entanto, para muitos de nós, talvez o mais difícil de ser realizado. Para no ajudar nessa tarefa tão importante em nossa caminhada a dois, segue uma rica reflexão, baseada na exortação apostólica "Amoris Laetitia"! 

 Boa Leitura e um Excelente Dever de Sentar-se a todos!

Um hino à caridade conjugal
(Peter Nadas - Eq.5A)


O Papa Francisco dedica o quarto capítulo de sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia ao amor no matrimônio. Com o propósito de aprofundar o sentido da palavra “amor” – que, segundo Bento XVI “tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes”[1] – ele recorre ao chamado “Hino à Caridade” com o qual o apóstolo Paulo inicia o 13º capítulo de sua primeira carta aos Coríntios.
Depois de dizer que “ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” São Paulo canta seu hino:
O amor é paciente,
é benfazejo;
não é invejoso,
não é presunçoso nem se incha de orgulho,
nada faz de vergonhoso,
não procura o seu próprio interesse,
não se encoleriza,
nem guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa,
tudo crê,
tudo espera,
tudo suporta

E “tendo em vista a aplicação à existência concreta de cada família”, Francisco passa a analisar cada uma das palavras de Paulo, aplicando-as à vida conjugal e familiar.

Quando se diz que o amor é paciente, não significa que se deve sofrer tudo sem reagir. É responder às ações do outro sem ira, sabendo que não é perfeito. O verdadeiro amor está sempre imbuído de compaixão que leva a aceitar o outro – cônjuge, filho, pai, mãe – como é. “mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria”.

Ao colocar o caráter benfazejo do amor logo após falar de seu caráter paciente, Francisco conclui que Paulo assim fez para mostrar que uma certa passividade da paciência deve ser acompanhada de uma ação visando o bem, “uma reação dinâmica e criativa perante os outros”. O amor deve inspirar uma atitude de serviço, ser muito mais  que um sentimento: deve ser um verdadeiro ato de vontade.

Em seguida, o Papa lembra que “enquanto o amor nos faz sair de nós mesmos, a inveja leva a centrar-nos em nós próprios”. O amor supõe estar satisfeito pelos sucessos do ser amado, não se sentir ameaçado por eles. A inveja seria a demonstração de que o bem do outro não me interessa, que só estou concentrado no meu bem, na minha própria felicidade.

A presunção ou a arrogância são incompatíveis com um verdadeiro amor. “Quem ama não só evita falar muito de si mesmo, mas, porque está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro”. Por eventualmente saber mais que o outro, o presunçoso julga-se maior e acha que pode impor-lhe exigências. Na família, isto se torna muito importante, no trato com os mais frágeis na fé. “Para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e cultivar a humildade”. E o Papa acrescenta que na vida familiar não pode haver competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque isso acaba com o amor. E cita a primeira carta de São Pedro: “Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes”[2]

Em outra tradução do Hino à Caridade, em lugar de “vergonhoso” aparece a palavra “inconveniente”. O seja, o amor usa gestos e palavras que não desagradam aos outros, não são ásperos, duros. Não quer que os outros sofram por sua causa. Quem ama quer ser amável, afável. Sem essa atitude, sem um “olhar amável”, não é possível ter um verdadeiro encontro com o outro. Se eu julgar que os outros só existem para satisfazer as minhas necessidades, não há espaço para a amabilidade, para o amor. Ao contrário, quem ama diz palavras de incentivo para consolar e estimular o outro. E Francisco cita algumas expressões de Cristo, que deveriam se assimiladas nas famílias: “Coragem, filho, teus pecados estão perdoados! ” (Mt 9, 2). “Grande é a tua fé! ” (Mt 15, 28). “Levanta-te! ” (Mc 5, 41). “Vai em paz” (Lc 7, 50). “Não tenhais medo! ” (Mt 14, 27). 

(continua no próximo capítulo...)



[1] Deus Caritas Est, nº 2
[2] 1Pd 5,5

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