Caros amigos equipistas, um dos PCE's mais preciosos propostos pelo Pe. Caffarel é o "Dever de Sentar-se", no entanto, para muitos de nós, talvez o mais difícil de ser realizado. Para no ajudar nessa tarefa tão importante em nossa caminhada a dois, segue uma rica reflexão, baseada na exortação apostólica "Amoris Laetitia"!
Boa Leitura e um Excelente Dever de Sentar-se a todos!
Um
hino à caridade conjugal
(Peter Nadas - Eq.5A)
O Papa Francisco dedica o quarto capítulo de sua
Exortação Apostólica Amoris Laetitia ao amor no matrimônio. Com o propósito de
aprofundar o sentido da palavra “amor” – que, segundo Bento XVI “tornou-se hoje uma das palavras mais
usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente
diferentes”[1] – ele recorre ao chamado
“Hino à Caridade” com o qual o apóstolo Paulo inicia o 13º capítulo de sua
primeira carta aos Coríntios.
Depois de dizer que “ainda
que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e
não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” São Paulo canta seu hino:
O amor é paciente,
é benfazejo;
não é invejoso,
não é presunçoso nem se incha de orgulho,
nada faz de vergonhoso,
não procura o seu próprio interesse,
não se encoleriza,
nem guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa,
tudo crê,
tudo espera,
tudo suporta
não é invejoso,
não é presunçoso nem se incha de orgulho,
nada faz de vergonhoso,
não procura o seu próprio interesse,
não se encoleriza,
nem guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa,
tudo crê,
tudo espera,
tudo suporta
E “tendo em vista a aplicação à existência concreta de cada
família”, Francisco passa a analisar cada uma das palavras de Paulo,
aplicando-as à vida conjugal e familiar.
Quando se diz que o amor é
paciente, não significa que se deve sofrer tudo sem reagir. É responder às
ações do outro sem ira, sabendo que não é perfeito. O verdadeiro amor está
sempre imbuído de compaixão que leva a aceitar o outro – cônjuge, filho, pai, mãe
– como é. “mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria”.
Ao colocar o caráter benfazejo
do amor logo após falar de seu caráter paciente, Francisco conclui que Paulo
assim fez para mostrar que uma certa passividade da paciência deve ser acompanhada
de uma ação visando o bem, “uma reação dinâmica e criativa perante os outros”. O
amor deve inspirar uma atitude de serviço, ser muito mais que um sentimento: deve ser um verdadeiro ato
de vontade.
Em seguida, o Papa lembra que “enquanto o amor
nos faz sair de nós mesmos, a inveja
leva a centrar-nos em nós próprios”. O amor supõe estar satisfeito pelos
sucessos do ser amado, não se sentir ameaçado por eles. A inveja seria a
demonstração de que o bem do outro não me interessa, que só estou concentrado
no meu bem, na minha própria felicidade.
A presunção
ou a arrogância são incompatíveis com
um verdadeiro amor. “Quem ama não só evita falar muito de si mesmo, mas, porque
está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no
centro”. Por eventualmente saber mais que o outro, o presunçoso julga-se maior
e acha que pode impor-lhe exigências. Na família, isto se torna muito
importante, no trato com os mais frágeis na fé. “Para poder compreender,
desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e
cultivar a humildade”. E o Papa acrescenta que na vida familiar não pode haver
competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque isso acaba com
o amor. E cita a primeira carta de São Pedro: “Revesti-vos todos de humildade
no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça
aos humildes”[2]
Em outra tradução do Hino à Caridade, em lugar de
“vergonhoso” aparece a palavra “inconveniente”. O seja, o amor usa gestos e
palavras que não desagradam aos outros, não são ásperos, duros. Não quer que os
outros sofram por sua causa. Quem ama quer ser amável, afável. Sem essa
atitude, sem um “olhar amável”, não é possível ter um verdadeiro encontro com o
outro. Se eu julgar que os outros só existem para satisfazer as minhas
necessidades, não há espaço para a amabilidade, para o amor. Ao contrário, quem
ama diz palavras de incentivo para consolar e estimular o outro. E Francisco
cita algumas expressões de Cristo, que deveriam se assimiladas nas famílias:
“Coragem, filho, teus pecados estão perdoados! ” (Mt 9, 2). “Grande
é a tua fé! ” (Mt 15, 28). “Levanta-te! ” (Mc 5,
41). “Vai em paz” (Lc 7, 50). “Não tenhais medo! ” (Mt 14,
27).
(continua no próximo
capítulo...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário